Cavacórios: o cálice da doçura
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Cavacórios: o cálice da doçura
Cavacórios: o cálice da doçuraFaz lembrar uma concha, com a particularidade de combinar uma massa seca com uma cobertura extremamente doce. Feito à base de ovos e farinha de trigo, o cavacório é...
Apresentação
Cavacórios: o cálice da doçura
Faz lembrar uma concha, com a particularidade de combinar uma massa seca com uma cobertura extremamente doce. Feito à base de ovos e farinha de trigo, o cavacório é um doce típico de Vila Real, intrinsecamente associado à festa em honra de São Lázaro.
Desconhecem-se registos documentais que atribuam a origem dos cavacórios à cidade transmontana ou até a forma como entrou nos seus usos e costumes. Certo é que este doce faz parte da tradição gastronómica, sendo consumido na época que antecede a Páscoa.
A sua forma côncava confere-lhe a aparência de uma taça e não faltam leituras simbólicas para tais contornos. Há quem associe o cavacório, por antítese de paladar, ao matar da sede a Cristo crucificado, com o pano embebido em fel que o soldado romano lhe fez chegar na ponta da sua lança. Não falta também quem o compare à forma da mão de Lázaro, patrono de pobres e doentes, estendida em concha à caridade humana.
Consensual parece ser a ligação desta iguaria à figura do São Lázaro, considerado o advogado da varíola, da lepra e de outras doenças de pele.Conta-se que numa época em que a cidade foi drasticamente atingida por uma epidemia, só o Bairro dos Ferreiros (denominação popular do Bairro de Santa Margarida), um dos mais típicos da cidade, foi poupado. Os seus habitantes justificam o sucedido com a protecção do santo, cuja capela se ergue naquele bairro.
Desde então, adoçaria regional invoca o feito com a confecção dos cavacórios e das bexigas, que os habitantes entregam como oferendas a São Lázaro. Acredita-se que as bexigas representem as empolas características da moléstia, sendo os cavacórios os ex-votos que representam os malares atingidos pela mesma.
O cavacório não é um doce vulgarizado noutras regiões, ainda que possa aparecer em confecção e ingredientes semelhantes, mas com feitio bem diferente.
Especialidade quaresmal
A produção dos cavacórios é sazonal, ocorrendo nas semanas que antecedem a Páscoa, pois há “tradição de os consumir nesta época”. “É bastante doce e é um doce claramente de Inverno”, sublinha Jorge Mourão, responsável pela sua produção na Pastelaria Nova Pompeia.
“Lázaro, Ramos, na Páscoa estamos”, sentencia o adágio popular.Presença incondicional nestas ocasiões festivas, o cavacório é, portanto, um dos primeiros sinais do aproximar da Semana Santa.
Jorge Mourão revela os ingredientes indispensáveis ao seu fabrico: ovos, farinha, óleo e uma pitada de sal. “Colocam-se, na batedeira, a farinha, o óleo e o sal. Depois junta-se ovo a ovo, lentamente, até a massa ficar mole e escorrer.”
Esta “massa aguada” descansa cerca de uma hora. “Com um saco de pasteleiro, é distribuída pelas formas onde fazemos os pastéis e vai ao forno”, descreve. Decorridos, aproximadamente, 20 minutos, é retirado do forno, apresentando o seu traço diferenciador: “a covinha”, no dizer do pasteleiro.
Deixa-se arrefecer o cavacório e passa-se à fase seguinte: o revestimento com fondant (pasta especial feita de açúcar para cobrir e rechear bolos). “É açúcar em ponto e água que, depois, se transforma neste aspecto esbranquiçado”, observa Jorge.
Por fim, tem-se um bolo seco, rígido e doce. Um paladar que se poderá intensificar se o incauto provador seguir a sugestão de acompanhar o cavacório com Vinho do Porto.
Depois de picar (sem furar de um lado ao outro) o doce, seja com um palito ou um garfo, verta um pouco sobre a concavidade. Ocavacório absorve-o e fica húmido, servindo, como já foi apelidado, de “taça ao ouro do Douro”. “Os antigos também usavam vinho tinto. O pretexto de comerem o cavacório era, no fundo, para beber um copo”, lembra Jorge Mourão.
Sobejamente conhecido pelos habitantes de Vila Real, o cavacório ainda tem de conquistar os que chegam de outras paragens. “Quando o damos a provar aos ingleses, que aparecem nesta altura, ficam deliciados. Mesmo os nossos turistas nacionais não conhecem nem sabem como se deve comer.”Os cavacórios são vendidos ao quilograma pelo preço de 12 euros.
Texto: Patricia Posse | Daniel Faiões
Horários/Preços/Ficha Técnica
Pastelaria Gomes
Seg-Sáb: 8h-20h
Pastelaria Nova Pompeia
Seg-Sáb: 8h-20h / Dom: 8h-13h
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Contactos
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Sede:
Rua António de Azevedo, 2/10, 5000-514 Vila Real
+351 259 309 710
Pastelaria Nova Pompeia
Av. Carvalho Araújo, nº 82, 5000-675 Vila Real
+351 259 338 080
E-mail: novapompeia@gmail.com
Outros locais:
Bairrode Santa Margarida, no domingo anterior ao Domingo de Ramos
5000 Vila Real
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