Crista de Galo: meia-lua recortada
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Crista de Galo: meia-lua recortada
Basta um olhar atento ao formato para se perceber porque, um dia,as crianças lhe começaram a chamar“crista de galo”. Anteriormente conhecido por pastel de toucinho,o doce passou a ter nova designação devido às claras semelhanças que tinha...
Apresentação
Basta um olhar atento ao formato para se perceber porque, um dia,as crianças lhe começaram a chamar“crista de galo”. Anteriormente conhecido por pastel de toucinho,o doce passou a ter nova designação devido às claras semelhanças que tinha com a excrescência carnosa que distingue o galo.
A sua receita, à base de gema de ovos e amêndoa, provém do afamado Convento de Santa Clara, sacrário da boa doçaria vila-realense. Esta delícia conventual, em forma de meia-lua, éuma referência gastronómica da capital de distrito.
Religiosidade sacarina
A história da crista de galo só pode ser contada se enquadrada na narrativa do Convento de Santa Clara. Foi nesta casa, habitada por monjas, que se criaram as receitas de vários doces, entre eles o pastel de toucinho, consumido no convento na quinta-feira gorda, logo após o Carnaval.
Para além das próprias monjas, também a algumas franjas da população era permitida a prova de tamanhas delícias. Essa sorte cabia aos elementos do Senado Municipal, às justiças e a alguns elementos que davam apoio ao convento.
Essas permissões estavam marcadas para a véspera da festa de Santa Clara, no Sábadode Ramos e no dia do patriarca da regra de São Domingos, datas em que as criadas saíam do convento, munidas de tabuleiros e malgas, para distribuírem os manjares.
Foi precisamente por intermédio de uma dessas criadas, Maria Ermelinda Correia (que mais tarde se tornou Imaculada de Jesus) que a receita saiu do convento e chegou às mãos da família Cramez, proprietária da Casa Lapão.
“Somos a quarta geração a trabalhar com as cristas de galo. Elas aparecem na Casa Lapão através de uma costureira que trabalhava para o Convento de Santa Clara epara a minha bisavó. Pela mão dessa senhora introduziram-se na Casa Lapão os doces conventuais e as receitas mais antigas”, revela Rosa Cramez, fiel depositária destas fórmulas mágicas.
Métodos de antigamente
Actualmente, a lambarice continua a ser feito de forma artesanal, mantendo todos os processos manuais de outrora. Como antes, ainda hoje se estendem as pequenas bolas de massa com o rolo de madeira e se trabalha o recheio desta iguaria com a mesma religiosidade. O corte da massa processa-se com a ajuda de uma carrilha com bicos em forma de meia-lua, justamente da mesma forma que era feito pelas mãos das devotas clarissas.
O resultado é uma gulodice de cor amarelo esbranquiçado e de textura fina, cujo nome se deve ao seu formato e recorte. “Foram as crianças que o baptizaram, com a imaginação que sempre têm. Nos pastéis há aqueles piquinhos que as crianças associavam com as da ave e a nova designação ficou.” Apesar disso, sabe-se que algumas pessoas mais idosas não simpatizaram com essa mudança e há mesmo quem a considere um desrespeito pela história.
Goste-se ou não do nome, o que parece é que o doce, em si, reúne consenso. Prova disso é o facto de ser, de todos os que estão à venda no estabelecimento, o que mais vende. Por essa razão, são feitas diariamente cerca de 40 a 50 dúzias. “É o produtocom melhor saída. É também o meu preferido pelo sabor, mas também pela durabilidade. Não quer frigorífico e consegueaguentar 15 dias ou mais sem se estragar. A única coisa que seca é a parte da massa, o recheio mantém-se inalterado”, explica Rosa Cramez.
A crista de galo está disponíveldurante todo o ano para que os visitantes de Vila Real tenham a hipótese de se deliciar. “Para nós, é importante repararmos que quem vem normalmente volta e parece gostar do que prova. Consideram a crista de galo um produto maravilhoso. O seu grande valor está realmente no sabor.”
Na verdade, a sua degustação parece trazer algumas surpresas relacionadas com a textura e o confronto de sabores. “A massa de fora não leva um bocadinho de açúcar e a massa de dentro leva bastante. Então, aquela textura muito e pouco doce dá-lhe características completamente diferentes. Para além disso não são fritas, são cozidas no forno, o que é uma particularidade interessante”, sublinha.
Texto: Patricia Posse | Daniel Faiões
Horários/Preços/Ficha Técnica
Seg-Sáb: 8h30-19h / Dom: 8h30-13h e 15h-19h
Contactos
Morada
Casa Lapão – Especialidades Regionais de Doçaria, Lda
Rua da Misericórdia 53/55,
5000-653 Vila Real
Casa Lapão – Especialidades Regionais de Doçaria, Lda
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Telefone
+351 259 324 146
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Telemóvel
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